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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A verdadeira história de Robin Hood

Em 1193, João Sem Terra rouba a Coroa da Inglaterra de seu irmão, o rei Ricardo Coração de Leão, que foi preso ao voltar das Cruzadas. O nobre Robin de Loxley, acusado injustamente de traição, se revolta e, assumindo o nome de Robin Hood, lidera a resistência contra o usurpador. À frente dos fora-da-lei da floresta de Sherwood, ele desafia os poderosos locais e impõe uma série de derrotas humilhantes ao xerife de Nottingham em nome dos oprimidos e da bela Marianne. Tudo parece fazer sentido, mas existiu um verdadeiro Robin Hood no século XII? Nem a época, nem o lugar e nem o próprio nome parecem corresponder aos registros históricos.
O nome de Robin aparece pela primeira vez por volta de 1377, em um dos mais antigos clássicos da literatura inglesa, o poema #Pedro, o lavrador#, de William Langland. Um dos personagens da obra diz conhecer “muitas baladas sobre Robin Hood, mas nenhuma sobre Nosso Senhor ou a Virgem Maria”. Alguns anos depois, o autor de um tratado religioso se indignava, por sua vez, com a falta de fé do povo: “Eles preferem ir à taverna em vez de ir à Igreja, preferem escutar uma canção sobre Robin Hood ou sobre qualquer outro bandido em vez da missa”.
Célebre desde o fim do século XIV, o personagem de Robin começa a despertar a curiosidade dos historiadores britânicos. Por volta de 1420, o cronista Andrew Wyntoun cita um certo Robin Hood e seu companheiro João Pequeno, bandidos “dignos de elogios”, que teriam atuado nas florestas de Inglewood e de Barnsdale durante a década de 1280. Outro cronista, Walter Bower, situa a ação do herói no fim da década de 1260. Em sua História da Grã-Bretanha, de 1521, John Mair apresenta uma nova versão da trajetória do personagem, afirmando que ele teria vivido na década de 1190, durante o reinado de Ricardo Coração de Leão, e descrevendo-o como um rebelde generoso, em guerra contra os ricos. Esses três autores visivelmente se inspiraram em diferentes versões de contos populares sobre um homem que, já no século XV, era mais um mito do que um personagem histórico propriamente dito.
O personagem logo se tornou tema de um conjunto de cantigas muito populares, mas de difícil interpretação. As cinco que sobreviveram não passam de versões tardias, adaptadas e deformadas, de poemas mais antigos. Elas relatam a eterna luta entre Robin e o xerife de Nottingham, mas não dizem nada sobre as origens do herói, nem sobre como ele se tornou um fora-da-lei. A região onde ele atuou também é bastante incerta, e as referências ao período em que teria vivido são quase inexistentes, a não ser por uma exceção: Robin defende sua causa diante do “rei Eduardo”, que o perdoa e o incorpora a seu exército. Trata-se de Eduardo I (1272-1307), de Eduardo II (1307-1327) ou de Eduardo III (1327-1377)? Não se sabe.


Texto de por Laurent Vissière
Fonte: http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/a_verdadeira_historia_de_robin_hood.html
Foto: http://blogpara4.wordpress.com/