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domingo, 6 de janeiro de 2013

A Revolta da Vacina... E você fazendo escândalo por uma injeção?


Rio de Janeiro no começo do século XX.
Algo esta fedendo...
O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal. A situação da capital republicana, no início do século XX, era precária. A população carioca sofria com a falta de um sistema eficiente de saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e principalmente a varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto.

Brigada Mata-Mosquitos.
Terrível contra os insetos, e aos
pobres de espirito.
Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Cruz convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), sendo assim, Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade. Exterminar a febre amarela que rondava os portos e as cidades do litoral, há sessenta anos, foi a primeira medida de Oswaldo Cruz. Era preciso acabar com as águas paradas, local de reprodução do mosquito transmissor da febre. A criação das Brigadas Mata-Mosquitos, que eram grupos de funcionários do serviço sanitário e policiais que invadiam as casas, matando os insetos encontrados, etc. Também nessa medida de saneamento, foi incluído o processo de urbanização. O processo incluía a demolição das favelas e cortiços, expulsando seus moradores para as periferias.

Revista da Semana.jpg
Capa da Revista da Semana sobre a
Revolta da Vacina, outubro de 1904
Entre os dias 10 e 16 de novembro, uma campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força (os funcionários responsáveis pelo serviço tinham que vacinar as pessoas mesmo que elas não quisessem), Este ato provocava a indignação nas pessoas. No dia 5 de novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. Também a falta de conhecimento da população criou superstições sobre os efeitos da vacina, aumentando o pavor dos moradores. 

A população começou a fazer ataques à cidade, destruir bondes, prédios, trens, lojas, bases policiais, etc. espalhando a desordem na metropólis. Esse episódio da história brasileira ficou conhecido então como Revolta da Vacina. Mais tarde, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se voltaram contra a lei da vacina. A cada dia, impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples.

Putz! O bonde atrasou!
Em 16 de novembro, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória. Para finalizar as rebeliões,  Alves coloca nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre. Em poucos dias a cidade voltava a calma e a ordem tendo também como resultado a erradicação da varíola.





Biografia de Oswaldo Cruz:


Oswaldo Cruz (1872-1917) nasceu em São Luiz de Paraitinga, em São Paulo, no dia 5 de agosto. Filho de Bento Gonçalves Cruz, médico carioca e de Amélia Bulhões da Cruz. Em 1877 mudam-se para o Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Estudou com a mãe e aos cinco anos já lia e escrevia. Ingressou no Externato Dom Pedro II onde fez o preparatório para Medicina. Iniciou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1887, mostrou logo grande interesse pelo laboratório e pelo microscópio. Em 1891 publicou dois trabalhos sobre microbiologia. Em 1892 concluiu o curso.

Começou a trabalhar no Laboratório de bacteriologia na Cadeira de Higiene da Faculdade de Medicina. Em 24 de dezembro de 1892 defendeu sua tese de doutorado com o tema "Veiculação Microbiana pelas águas do Rio de Janeiro". Em 1893 casa-se com Emília da Fonseca. O casal teve seis filhos. Vai para Paris, em 1896, trabalhar com Olhier e Vilbert, especialistas em medicina legal. Seu interesse por microbiologia o fez ingressar no Instituto Pasteur sob a direção de Émile Roux, descobridor do soro antidiftérico.

Voltou ao Brasil em 1899, logo foi encarregado de debelar o surto de peste bubônica que assolava o porto de Santos. A Fazenda Manguinhos, no Rio de Janeiro, foi escolhida para instalação do Instituto Soroterápico Nacional. Oswaldo Cruz foi indicado para Diretor Técnico. Em 1900 o Instituto foi inaugurado. Em condições precárias e com uma equipe improvisada o soro logo fica pronto e é enviado para Santos. Em 1902 Oswaldo Cruz assume a direção geral do Instituto.

Depois dos eventos da "Revolta da Vacina", Oswaldo Cruz foi responsável da campanha de vacinação erradicando algumas doenças que eram contagiosas entre a população, a febre amarela foi debelada em três anos e a varíola,   mesmo com o descrédito da população, foi considerada extinta, em 1906.  Em 1907 representou o Brasil no Congresso Internacional de Higiene de Berlim. No mesmo ano ingressou na Academia de Medicina do Brasil. Em 1908 o Instituto soroterápico recebe o nome de Instituto Osvaldo Cruz. 

Em 1909, com a saúde abalada, deixa a direção da Saúde Pública, dedicando-se ao Instituto. Em 1911 em Dresden, na Alemanha, a Exposição Internacional de Higiene confere um diploma de honra ao Instituto Oswaldo Cruz. Em 1912, após participar de um congresso no México, Oswaldo Cruz foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, com a cadeira nº 5. Oswaldo Gonçalves Cruz morre de insuficiência renal, no dia 11 de fevereiro de 1917, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro.



Fonte: www.suapesquisa.com/historiadobrasil/revolta_da_vacina.htm
http://www.infoescola.com/historia/revolta-da-vacina/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Vacina