Virginia Woolf nasceu em Londres, em 1882. Perdeu sua mãe quando tinha 13 anos de idade. Seu pai, o editor Sir Leslie Stephen, erudito, filósofo e uma das figuras mais originais da Inglaterra vitoriana, foi o responsável por sua educação. Foi com ele que Virginia conheceu e estudou Platão, Espinoza, Montaigne e Hume. Após a morte de seu pai, em 1904, Virginia e seus irmãos mudam-se para Bloomsbury, bairro londrino onde, mais tarde, passariam a receber as visitas de um grupo de amigos. As reuniões acabariam por formar o famoso grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais sofisticados que investiu contra as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana. Esse grupo reuniu, ao curso de seus sucessivos encontros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e J.Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
Com o passar do tempo, Vanessa Stephen, irmã de Virginia, acabou se tornando a sra. Clive Bell. Virginia, por sua vez, casou-se, em 1912, com Leonard Woolf. O grupo de Bloomsbury se dissociou logo após o começo da Primeira Guerra Mundial, depois voltou a se reunir com novos elementos, mas com os mesmos ideais: busca da verdade, liberdade de expressão, amor pela arte e respeito à individualidade. Em 1917, Virginia fundou com Leonard Woolf a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. As primeiras obras de Virginia Woolf foram The Voyage Out (1915) e Night and Day (1919).
Em sua obra Mrs Dalloway (1925), Virginia Woolf examina o tempo presente e passado, limita o tempo da ação e emprega recursos poéticos para retratar a experiência individual. O mesmo ocorre com o livro Rumo ao Farol (1927). Segundo o crítico Harold Bloom, Virginia Woolf pensava em Mrs. Dalloway como "uma estrutura de ordem tal que `cada cena serviria para construir a idéia do caráter de Clarissa`. Uma vez que a figura de Clarissa Dalloway está fundada, de um modo sutil, sobre o sentido que Woolf fazia de sua própria consciência, o resultado seria uma espécie de auto-retrato psíquico, deixando de fora apenas a circunspeção estética da autora. E é justamente esta circunspeção que ajuda a universalizar certos aspectos do caráter da personagem, apresentada implicitamente como um estudo do desenvolvimento de uma mulher (e não de uma grande escritora)".
Em 1928, ela publicou Orlando, uma fantasia histórica que evoca com brilho e humor a Inglaterra, sobretudo literária, da era elizabetana. Nesse período, Woolf faz as famosas conferências para estudantes dos grande colégios femininos de Cambridge, nas quais mostra toda a sua verve feminista. Em 1931, publicou As Ondas, uma de suas obras mais importantes. Seis anos mais tarde, Virginia lançou o livro Os anos. A história de sua vida é indissociável de suas obras. Mesmo dividida entre suas ocupações de diretora de sua própria editora, suas críticas literárias —Virginia escrevia para vários jornais londrinos—, seus amigos e sua viagens de final de semana, ela conseguiu superar, em seus romances, os limites impostos pela ficção realista. Conseguiu integrar à narrativa uma simultaneidade de eventos e criou com isso uma nova concepção do tempo narrativo, que mais tarde veio a se chamar "forma espacial do romance".
Em 1941, após diversas tentativas de suicídio e uma grave crise de depressão, Virginia Woolf se afogou no rio Ouse. Deixou um considerável número de ensaios, uma extensa correspondência e o romance, Between the Acts (Entre os Atos, 1941).
Texto escrito por: Renato Roschel - 27/08/2003
Fonte: http://www.speculum.art.br/