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domingo, 29 de maio de 2011

Os índios guerreiros / A confederação dos Tamoios.

A história do Brasil no meio didático fazia menção apenas dos acontecimentos a vida lusitana e dos afro-brasileiros. Mas a história dos nativos ficavam a margem dos detalhes. Mas houve muitas história sobre os índios que lutavam contra a exploração e as ambições dos colonos portugueses. Vamos citar alguns eventos que fazem parte também da história do nosso povo brasileiro.

As tribos de índios guerreiros no nordeste:
Na época da colonização, o território cearense era habitado por grande número de indígenas descendentes do TUPIS-GUARANIS e CARIRIS. Grupos distintos na língua e cultura. Os Cariris dominavam a orla cearense e o sertão nordestino às margens do rio São Francisco. Quando Pero Coelho, em 1603, veio tentar a conquista da serra da Ibiapaba, esta era dominada quase toda por povos TUPIS, que derrotados pelos portugueses no Rio Grande do Norte e Paraíba, fugindo e enfraquecidos pela guerra, invadiram o litoral cearense, expulsando para o interior os CARIRIS-TREMENBÉS. Divididos em grupos, fragmentados em tribos numerosas, os Carirís e Tupis viviam em constante guerra. Errantes e desordenados, percorriam quase todo o território da capitania.
Os TAPUIAS povoavam do Rio Grande do Norte ao Maranhão, viviam em bandos de 50, 80, 100 casais, correndo os campos a procura de caça. Não tinham lugar fixo ou casa para morar, a não ser o local onde anoiteciam. Isso torna muito difícil determinar as regiões ocupadas pelos diferentes grupos, eram conhecidos por sua violência.
No alto sertão do Cariri, viviam os CARIÚS, na nascente do rio Cariús e Bastiões. Os ferozes CALABAÇAS, na margem esquerda do rio Salgado. Os CARCUASSÚS e a nação errante dos CARIRÍS, CARIRÉS ou KARIRIS, habitavam a Serra do Araripe, onde resistiram bravamente ao invasor branco. Na época das bandeiras, os Carirís se aliaram aos ricos emissários da rica família Torre, colaborando com a caça e o aniquilamento e inimizade com muitas tribos. Foram catequisados pelos padres carmelitas em vilas, hoje as cidades de Barbalha e Crato. Falsos e inclinados a pirataria e roubos, causaram grande prejuízo aos colonos, foram expulsos pelo corregedor Dias e Barros em 1780. A partir daí, fundiram-se na população rural da região.
Os ICÒS habitavam a região que ia das margens do rio Salgado e Jaguaribe até o rio do Peixe. Índios de corso, como eram chamadas as tribos de ladrões e saqueadores, de tanto causarem danos às propriedades alheias, o Capitão-Mor Fernão Carrilho organizou, em 1694, uma expedição para exterminá-los, sob o comando de Francisco Dias Carvalho. Pacificados alguns anos depois, em 1700, pelo padre João de Matos Serra, foram aldeados onde hoje é a cidade de Souza, na Paraíba. Missionou-os também o célebre jesuíta Gabriel Magrida.
Povoavam o baixo Jaguaribe os PAIACÚS ou PACAJÚS, os mais terríveis e famosos selvagens do Ceará. Dominavam a região compreendida entre o rio Assú e a Serra do Apodí e grande parte das terras baixas (ribeira) às margens do Jaguaribe. Suas expedições de guerra e saque chegavam até bem perto de Fortaleza, onde atacavam os índios mansos que ali residiam. Foram um grande obstáculo entre o comércio das capitanias do Ceará e Pernambuco. Desde 1605, no início da colonização do Ceará, apareceram os Pacajús, importunando seriamente a expedição de Pero Coelho. Daí por diante foram sempre motivo de temor nos conquistadores. Em 1666, assaltaram i sítio Precabura em Messejana, onde enfrentaram o ajudante Coelho de Moraes, por ordem do Capitão-Mor João de Mello Gusmão.
Em 1671, Jorge Correia da Silva, atende as solicitações dos JAGUARIBARAS e outros indígenas ameaçados pelos PAIACÚS, e decide combatê-los na tentativa de extermina-los. Para essa missão, envia o sargento reformado Jorge Martins, foi tão terrível a guerra, que em 07 de janeiro de 1672, um Tapuia foi pedir paz. Não viveram, porém, muito tempo quietos. Em 1693 assolaram mais uma vez as ribeiras do Assú e Jaguaribe, e são combatidos pelo então Governador Fernão Carrilho. Em 1695, nova sedição (Crime contra a segurança do Estado, revolta, motim, perturbação da ordem pública) e ainda mais terrível, pois quase aniquilaram os moradores das terras dos rios Jaguaribe e Banabuiú. Foram finalmente aldeados em 1696, perto de Aracati, em Araré, pelo padre João da Costa e João de Barros Braga.
A caça ao índio tornou-se um violento e irresistível divertimento para os portugueses, que não respeitavam nem mesmo os índios mansos e missionados. Cedendo às solicitações, fez Manoel Álvares de Moraes Navarro, mestre de campo do terço dos Paulistas do Assú, violenta guerra aos PAIACÚS, matando mais de 400 índios. Por causa desse extermínio desnecessário e cruel, Moraes Navarro foi processado. Alguns anos depois, unidos os ANASSÉS e JAGUARIBARAS, com mais outros descontentes, revoltaram-se, atacando a Vila de Aquiráz, levando destruição e a morte de quase duzentas pessoas. Assegura o escritor BARBA ALARDO, que esses índios foram missionados no lugar denominado Aldeia dos PAIACÚS e transferidos mais tarde para o Rio Grande do Norte. Regressaram por ordem do Conde de Villa Flor, a ocupar sua antiga missão. PAIACÚS e ICÓS se cruzaram com os PANATES, TUPIS das cabeceiras do rio Piancó, tendo em seguida migrado na direção do Amazonas.
Nos sertões do Jaguaribe estavam os JANIPABOASSU e os ICOSINHOS. Próximo ao litoral, da margem esquerda do Jaguaribe até Mundaú e Serra de Baturité, viviam os ANASSÉS e os JAGUARIBARAS. Tribos ordeiras e pacíficas, facilmente se adaptaram aos portugueses e foram muito cedo oprimidos. Fernão Carrilho aldeou os ANASSÉS em Parnamirim, 8 léguas de Fortaleza ao norte, e os JAGUARIBARAS, e léguas ao sul.
Junto à costa havia ainda os GUANACÉS, divididos em GUANACÉSGUAÇÚ e GUANACÉSMIRIM, tribos inimigas entre si, e JAGUARUANAS entre os rios Curu e Acaraú, e os JAGUARIBARAS e os ASSANASSESSASSÚ. Os JAGUREGUARAS ou IGUARIGUARAS, GUANACÉS e JAGUARUANAS foram aldeados em Uruburetama.
Extremando com os Anassés, para além do rio Mundaú, ficavam os ferozes TREMEMBÉS ou TEREMEMBÉS, cujos domínios iam da ribeira do Acaraú até a Serra Grande. Estes eram hábeis nadadores, atacavam, a nado, os tubarões com um pau pontiagudo pela guela adentro, trazendo-os a terra, onde tiravam-lhe os dentes para as flechas. Nas terras dos TREMEMBÉS, fundou Jerônimo de Albuquerque, em 1613, o fortim de Nossa Senhora do Rosário, o qual sofria constantes ataques desses índios. Em 1702, passaram para Almofala, à margem do rio Aracati-Mirim, em Acaraú.
Na ribeira do Acaraú, habitavam ainda os APERIÚS, os ARARIÚS e os ACRIÚS. Em 1713, por ocasião da revolta dos ANASSÉS, rebelaram-se também os ACRIÚS, destruindo casas, matando gado e obrigando os moradores a fugirem para a Ibiapaba. Os valentes ACRIÚS, ARERIÚS ou IRARIÚS, foram aldeados pelo padre João Teixeira Miranda, em 1700, na Meruoca. Essa tribo sofrera fortíssima guerra no tempo de Bento Correia, em 1674.
Em áspera perseguição aos colonos e contínua luta contra outras tribos, vagavam pelo alto sertão do Curu e pelas margens do rio Quixeramobim e Banabuiú, os índios CANINDÉS e GENIPAPOS. Em 1712, já em número reduzido e enfraquecidos, aliaram-se os CANINDÉS e os GENIPAPOS a outras tribos irritadas com os brancos, num último esforço, tentaram derrotar os colonizadores, mas foram mais uma vez derrotados pelos portugueses, com perdas de muitas vidas indígenas. Os CANINDÉS devastaram plantações na cabeceira do Banabuiú, assaltaram fazendas e puseram em risco a vida dos moradores. Os GENIPAPOS tomaram parte na briga dos "Montes" e dos "Feitosas", o que trouxe como consequência para eles, bem como para os ICÓS e QUIXERARIÚS, sua expulsão para o Piauí em 1726.
Em 1731, os CANINDÉS pediram permissão a Duarte Sodré Pereira, governador de Pernambuco, para se aldearem nas cabeceiras do rio Choró, na passagem Muxió, o que lhes foi concedido. Igual solicitação fizeram os GENIPAPOS em 1739, ao governador de Pernambuco, que os mandou aldear-se com os CANINDÉS no sítio do Banabuiú, Barra do Sitiá, em Jaguaribe. GENIPAPOS e CANINDÉS eram também chamados BAIACÚS, muitas vezes considerados uma única tribo, dada sua identidade de língua, costumes e o hábito de untarem o corpo com o sumo da fruta jenipapo.

http://coisadecearense.blogspot.com/2011/04/as-tribos-indigenas-do-ceara

Fonte: Revista Instituto do Ceará - As tribos indígenas do Ceará

Confederação dos Tamoios:

O último tamoio, óleo de Rodolfo Amoedo

A Confederação dos Tamoios aconteceu entre 1554 e 1567 e envolveu os portugueses, os franceses e as tribos indígenas dos Tupinambás, Guaianazes, Aimorés e Termiminós.
João Ramalho, amigo de Brás Cubas, governador da Capitania de São Vicente, casou-se com a filha do cacique da tribo dos Guaianazes, o Tibiriça. Os índios acreditavam que um homem ao se casar com um membro indígena passava a fazer parte da mesma tribo, o que colaborou para uma aliança entre os portugueses e os índios da tribo guaianazes contra as outras nações indígenas. Nesta época os colonizadores procuravam mãos de obra escrava para trabalharem nas primeiras plantações de cana-de-açúcar, e junto com a nova aliança deram inicio a uma ação violenta contra os Tupinambás. Além do grande número de mortes, muitos índios foram presos por ordens de Brás Cubas, entre eles o chefe da tribo, Kairuçu e o seu filho Aimberê.
Aproveitando o enterro de seu pai, morto por maus tratos sofridos no cativeiro, Aimberê conseguiu fugir tornando-se o novo líder dos Tupinambás. Reuniu-se com os chefes de outras tribos que ocupavam uma área litorânea que ia desde Bertioga (SP) até Cabo Frio (RJ), e juntos deram inicio a Confederação dos Tamuya (Tamoios em português), que em Tupinambá significa “o mais velho”. Esta aliança tinha como principal objetivo combater os portugueses e todos que os apoiassem, entre eles Tibiriça.
Nesta mesma época, em 1555, desembarcaram no Rio de Janeiro os franceses, liderados por Nicolau Durand de Villegaignon, que logo se aliaram aos Tamoios contra os lusitanos oferecendo a estes armas em troca da permanência em terras brasileiras. Os franceses queriam fundar a França Antártica, um território para todos que eram perseguidos em seu país.
Cunhambebe
Cunhambebe, era o chefe da Confederação dos Tamoios, líder de uma aldeia próxima de Angra dos Reis. Conhecido por ser valente e destemido, marcou história devido a suas grandes batalhas contra os portugueses. Faleceu após um surto de doenças contraído pelo contato com os brancos, foi então que Aimberê ocupou o seu lugar e conseguiu apoio de Tibiriça contra os portugueses que aceitou lutar lado a lado durante três luas.
Quando se encontraram, Tibiriça mostrou que continuava fiel aos colonizadores lusitanos e iniciou uma luta entre guaianazes e tamoios. Os tamoios ganharam a batalha com a morte de Tibiriça. Percebendo aonde essa onda de violência poderia dar e os erros de negociações da coroa, o padre Manuel da Nóbrega resolve tomar as rédeas para apaziguar os ânimos e convoca como reforço José de Anchieta. Os dois chegaram na tribo de Iperoig (hoje Ubatuba-SP), em 1563 e tentaram conversar com o chefe que mandou mensagem para todos os chefes das tribos aliadas para reunirem-se com os jesuítas. O problema é que os índios não queriam apenas a saída dos portugueses, também queriam que os chefes Tupis fossem entregues para que eles pudessem executá-los.
Depois de uma longa negociação de paz entre portugueses e tamoios, os jesuítas conseguiram convencer os índios que resolveram ir para São Vicente para fechar um tratado de paz. Preocupado quanto as negociações, Pe. Nóbrega resolveu ir junto. Aimberê consegue a libertação dos índios aprisionados, entre eles a sua noiva Igaraçu.
Temendo a liberdade e sabendo da grande desigualdade, os Tamoios não se intimidaram e resolveram lutar até a morte. Os franceses desembarcaram em Cabo Frio e sabendo do ocorrido reuniram forças com os Tamoios. Porém, os portugueses destruíram os naus franceses e queimaram as tribos. A guerra se estendeu por um ano, até que o governador geral do Brasil, Mem de Sá, vem reforçar o exército de seu sobrinho Estácio de Sá. No dia 20 de janeiro de 1567, os índios perderam a luta com a morte do grande guerreiro Aimberê. Durante o período de paz que durou um ano, os franceses que resolveram morar com os índios desenvolveram a criação de bovinos e a produção de tecidos em teares manuais nas tribos. Depois deste período os índios voltaram a ser escravizados, já que os portugueses aproveitaram este ano para aumentarem o seu poderio militar.


Fontes:
http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/confederacao-dos-tamoios/
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=603
http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=226926
http://www.caoquira.com.br/histcaoq/tamoios.htm