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domingo, 10 de junho de 2012

Personagens da Primeira Guerra: Um soldado chamado Adolf Hitler

Hitler nos primeiros anos:
Hitler, com um ano de
idade  
Adolf Hitler (1889-1945), nasceu em Braunau am Inn, uma pequena localidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã, e que à época era parte do Império Austro-Húngaro.Seu pai, Alois Schicklgruber, - Alois Hitler depois que assumiu o sobrenome de seu pai natural -, era funcionário da alfândega e, após sua aposentadoria, foi com a família viver nas imediações de Linz, a capital da Áustria Superior, e ali o futuro ditador passou a maior parte da sua infância. Quando o pai faleceu em 1903, deixou uma pensão e economias suficientes para manter a mulher e os filhos. Hitler teve pouco rendimento na escola e não recebeu o certificado, interrompendo os estudos aos 16 anos, em 1905. Por dois anos viveu ocioso em Linz. Após a morte da mãe, Klara Hitler, em 1908, ainda vivia de pequeno rendimento, com o qual se manteve em Viena. Desejava ser estudante de arte, mas falhou duas vezes que tentou entra para a Academia de Artes. Por alguns anos viveu só e isolado, conseguindo uma pequena renda com a pintura de cartões postais e anúncios, e vagando de um abrigo municipal para outro.
Hitler como um soldado na
Primeira Guerra Mundial.

Um soldado herói? ou fracassado?
Em 1913 Hitler mudou para Munique. Foi chamado temporariamente a Áustria para ser examinado para o exército (1914) e foi rejeitado como inapto, mas quando começou a guerra de 1914, apresentou-se como voluntário do exército alemão. Serviu durante a guerra, foi ferido em 1916 e envenenado por gás dois anos depois. Por bravura em ação foi duas vezes condecorado com a cruz de ferro, uma condecoração rara para um cabo.



Novos estudos sobre a participação de Adolf Hitler na Primeira Guerra Mundial mostram que o então soldado tinha importância secundária no campo de batalha e era ridicularizado por companheiros de batalhão.
Hitler (sentado à direita) no exército alemão
Segundo pesquisa de Thomas Weber, doutor em História Europeia e professor da Universidade de Aberdeen, na Escócia, "o mito de Hitler como um corajoso soldado e a camaradagem das trincheiras na 1ª Guerra foi usado pelo partido nazista para aumentar seu apelo popular". O professor afirma, no entanto, que Hitler atuou longe dos campos de batalha e era visto por seus pares como um solitário". 

Segundo reportagem do Daily Mail , a pesquisa de Thomas Weber se concentrou em cartas não publicadas de outros soldados do regimento de Hitler durante a Primeira Guerra Mundial. Essas cartas colocam em dúvida a versão da história que sugere que o nacionalismo e antissemitismo de Hitler foram causados por sua experiência na guerra. As cartas analisadas por Weber também confrontam a informação de que Hitler foi um herói militar durante a 1ª Guerra. Para o pesquisador, as cartas e diários de guerra apontam que os outros soldados do Regimento List ridicularizavam Hitler e faziam piadas com sua incapacidade de abrir uma lata de comida com sua baioneta. Os soldados se referiam a Hitler como "o pintor" ou "o artista" e as cartas apontam que ele não gostava do entretenimento favorito dos soldados: escrever cartas ou beber cerveja. Ainda segundo relatos analisados por Thomas Weber, Hitler era visto por seus pares como um soldado submisso aos superiores. Fonte: Revista Galileu. 
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI163878-17770,00-

Com alta do hospital após a derrota alemã, ficou alistado no seu regimento e designado como agente político, juntou-se ao pequeno partido trabalhista alemão em Munique (1919). Seduzido pela perspectiva de uma carreira política, em 1920 Hitler deixou o exercito para devotar-se integramente à atividade partidária. Foi encarregado da propaganda do partido, que este ano foi rebatizado Nationalsozialistishe Deutsche Arbeiterpartei com a abreviação Nazi.

Nascendo o Nazismo
O partido era pequeno, comprometido com um programa de princípios nacionalistas e socialistas, de liderança dividida. Um de seus membros era Ernest Röhm que, além de membro do partido, fazia parte do comando distrital do exercito, e era responsável por garantir a proteção do governo da Baviera, o qual dependia do exército local para a manutenção da ordem e tacitamente aceitava suas violações da lei e sua política de intimidação. De trato difícil, Hitler não foi logo bem aceito. Porém, os dirigentes, conscientes de que o futuro do partido dependia do seu poder de organizar a publicidade para conseguir fundos, deram-lhe a presidência com poderes ilimitados, em julho de 1921. Desde logo ele decidiu criar um movimento de massas.
Adolf Hitler jovem
em 1920. 
Munique havia se tornado o lugar de encontro de antigos e insatisfeitos soldados do exercito alemão, relutantes de retornar a vida civil, e por agitadores políticos empenhados no tradicional separatismo ou em protestos contra o governo republicado de Berlim. Visando esse público, Hitler engajou-se em uma incansável propaganda através do jornal do partido o Volkischer Beobachter ("Observador popular") e por meio de uma sucessão de comícios desenvolveu seu talento único para magnetizar e liderar massas, rapidamente crescendo de uma audiência de uns poucos interessados para milhares de seguidores. Ao mesmo tempo, Röhm foi de grande ajuda. Foi ele quem recrutou as esquadras, o chamado "braço forte", utilizadas por Hitler para proteger os comícios do partido, atacar os socialistas e os comunistas. Em 1921 estas foram formalmente organizadas sob as ordens de Röhm em um exército privado do partido, o SA (Surmabteilung). Hitler reuniu ao seu lado vários dos lideres nazistas que mais tarde seriam julgados ou acusados de crimes de guerra: Alfred Rosenberg, Rudolf Hess, Hermann Göring, e Julius Streicher.

Minha luta
O livro Mein Kampf
original
O clímax desse rápido crescimento do partido nazista na Bavária veio com a tentativa de golpe para tomada do poder, o atentado de Munique (Hall da Cerveja) em novembro de 1923, quando Hitler e o general Erich Luderndorff tentaram forçar o comando do exército a proclamar um revolução nacional. Quando levado a julgamento Hitler tirou vantagem da imensa publicidade que o acontecimento lhe deu. Ele também tirou uma lição do golpe - que o movimento precisava chegar ao poder por meios legais. Foi sentenciado a prisão por cinco anos, mas ficou preso somente nove meses, e isto com suficiente conforto para preparar o primeiro volume do seu Mein Kampf. 
Hitler militante
Ele considerava a desigualdade entre as raças e os indivíduos como parte de um imutável ordem natural e exaltava a raça ariana como o único elemento criativo da humanidade. Toda moralidade e verdade era julgada por este critério: se era de acordo com o interesse e preservação do povo. A unidade do povo encontrava sua encarnação no Führer, dotado de autoridade absoluta. Abaixo do Führer o Partido formado dos melhores elementos do povo e também seu guardião. O maior inimigo do Nazismo era o rival Marxismo. Além do Marxismo ele via o maior inimigo de todos, os Judeus, que era para Hitler a própria incarnação do mal. A Alemanha não poderia encontrar seu destino sem o Lebensraum ("espaço vital"), terras para abrir e alimentar a crescente população alemã. O espaço vital deveria ser encontrado na Ucrânia e nas terras do leste Europeu, terras a serem tomadas ao povo eslavo, que ele classifica de untermenschen (subumanos), e governado por uma conspiração judeu-comunista com sede em Moscou.

Da prisão para o reconhecimento popular: 
Hitler na prisão em Landsberg am
Lech com seus companheiros.
Hitler percebia mais rapidamente que qualquer um como podia tirar vantagem de uma situação. Após sua saída da prisão suas rendas derivavam ao azar do provimento pelos fundos do partido e de escrever em jornais nacionalistas. A crise de 1929 abriu um período de instabilidade econômica e política. Hitler pode pela primeira vez alcançar uma audiência nacional quando teve a ajuda das organizações e jornais do partido Nacionalista, associado aos nazistas. Recebia doações dos industriais, ansiosos por usá-lo para estabelecer uma forte ala direita, anti-trabalhista, recursos que colocaram o partido em base financeira sólida, permitindo que ele fizesse seu apelo emocional para a classe média baixa e os desempregados, baseada na proclamação de sua fé de que a Alemanha acordaria de seus sofrimentos para retomar sua grandeza natural. Colocado em posição forte pelo grande apoio popular, em novembro de 1932 Hitler propalou, por todos os artifícios de sedução de massas e com a habilidade de um ator, que a chancelaria era o único cargo que aceitaria, e isto por meio constitucional, não revolucionário. Em janeiro de 1933 o presidente Hindenburg, do partido nacionalista, convidou-o para primeiro ministro da Alemanha e ele assumiu o cargo.
Hitler e Hindenburg
Ele era indiferente a roupas e comida, nunca fumando ou bebendo chá, álcool, porém não tinha inclinação pelo trabalho regular. Ele continuou, mesmo mais tarde, como Führer, a rebelar-se contra a rotina, uma característica que ele atribuía ao seu temperamento artístico. Sua meia irmã Ângela Raubal e suas duas filhas passaram a viver com ele. Hitler apaixonou-se por uma das sobrinhas, Geli, mas mostrou-se tão obsessivamente ciumento que isto levou a moça ao suicídio em 1931. Hitler ficou inconsolável. Depois interessou-se por Eva Braum, que se tornou sua amante. Ele raramente permitia que ela aparecesse em público e disse não casar-se porque prejudicaria sua carreira. Uma vez no poder, Hitler tratou de estabelecer uma ditadura absoluta. O incêndio no palácio (Reichstag), uma noite de 1933, aparentemente provocado por um comunista holandês, Marius van der Lubbe, deu-lhe a desculpa para um decreto suspendendo todas as garantias de liberdade e para uma intensificada campanha de violência. Ele nunca pensou em desapropriar os líderes da indústria alemã, uma vez que servissem os interesses do estado nazista.Nestas condições, o partido chegou a uma votação expressiva nas eleições daquele ano.

Amigos e inimigos
Ernst Röhm
O velho amigo Ernst Röhm, como cabeça da SA, era visto com grande desconfiança pelo exército. Göring e Heinrich Himler estavam ansiosos por remover Röhm, mas Hitler hesitava. Finalmente, em 1934, ele chegou a uma decisão e Röhm e outros foram executados sem julgamento. Satisfeitos por verem a SA aniquilada, os chefes militares apoiaram as ações de Hitler. Quando o presidente Paul von Hindenburg morreu eles consentiram na fusão do cargo de primeiro ministro ou chanceler com o da presidência da república o que colocava todos os poderes nas mãos de Hitler, inclusive o comando das forças armadas. Os militares, oficiais e soldados, passaram a fazer juramento pessoalmente a Hitler. No plebiscito Hitler teve 90 por cento de apoio. Por desinteresse em assuntos de rotina e por interessar-se mais pelos grandes lances de política que havia delineado no seu livro Min Kampf, Hitler deixou a administração inteiramente aos cuidados de seus subalternos, que agiam arbitrariamente em todas as questões internas de sua esfera de mando. A reunião em um único país de todas as regiões onde viviam alemães era sua principal diretriz de conquista. Antes que suas planejadas conquistas se tornassem possíveis, era necessário remover as restrições que o Tratado de Versalhes impunha à Alemanha. Hitler usou toda a arte possível de propaganda para que a Europa o visse como o campeão contra o odiado comunismo soviético e insistiu que ele era um homem de paz que apenas desejava remover as injustiças do Tratado de Versalhes. Retirou a Alemanha da Liga das Nações no mesmo ano de sua confirmação como Führer, ao final de 1933, despertando um novo ânimo nos alemães, que impulsionaria o desenvolvimento do país nos cinco anos seguintes.
Hitler em ascensão
A aliança com a Itália, já prevista no Mein Kampf, rapidamente tornou-se realidade como resultado do ressentimento dos italianos contra a Inglaterra e a França pela oposição feita à ocupação italiana da Etiópia. Em outubro de 1936 estava formado o "eixo" Roma-Berlim e pouco depois o pacto contra a Rússia assinado com o Japão, e um ano mais tarde esses dois pactos referendados em um pacto único, o Eixo Tóquio-Roma-Berlim. Em novembro de 1937 Hitler delineou seus planos de conquista em um encontro secreto com seus líderes militares, a começar pela Áustria e a Checoslováquia. Três anos antes, em meados de 1934, ele havia estimulado uma revolta entre os nazistas da Áustria, que reivindicavam a anexação à Alemanha. Com o apoio da embaixada alemã, organizaram um golpe e assassinaram o chanceler Engelbert Dollfuss. Porém Mussolini, o ditador italiano, havia mobilizado tropas para intervir contra o golpe, que fracassou. Hitler voltou à carga no início de 1938, assegurando-se primeiro do apoio da Itália. Quando o chanceler Kurt von Schuschnigg decidiu efetuar um plebiscito sobre a reclamada anexação, Hitler imediatamente ordenou a invasão da Áustria pelas tropas alemãs. Entrou gloriosamente em Viena, e proclamou então uma gratidão imorredoura a Mussolini por este não haver, desta vez, interferido.

A um passo da 2º guerra
Hitler e Mussolini
Seguiu-se a anexação da Checoslováquia, onde o nazismo também tinha seus adeptos e agitadores entre a minoria alemã. A questão pareceu solucionada com a interferência da França e Inglaterra, e do amigo Mussolini, que propuseram a integração à Alemanha da parte do país cujos habitantes eram de origem alemã. Com esta solução, Hitler adiou apenas temporariamente seu plano de anexação, apenas até a desordem popular estimulada pelos nazistas lhe fornecer motivo para invadir o país proclamando sua anexação em março de 1939. Imediatamente após, suas ameaças fizeram que o governo Lituano cedessem parte de seu território na fronteira com a Prússia Oriental, um enclave alemão no norte da Polônia. Concluídas as anexações, Hitler procedeu às conquistas necessárias a criar o "espaço vital" que desejava para a Alemanha. Seu primeiro objetivo era a Polônia. Assegurou-se do apoio italiano, que inclusive lhe forneceria tropas, com um novo acordo em maio de 1939, e celebrou em agosto outro pacto de conveniência, com a Rússia, para que esta não interferisse no seu projeto. A invasão da Polônia foi efetuada antes do inverno daquele ano.