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domingo, 27 de fevereiro de 2011

São Luiz do Paraitinga - Solidariedade entre amigos - Documentário Exclusivo

A um ano atrás, esse evento foi realizado em prol das vitimas das chuvas em São Luiz do Paraitinga, esse projeto foi além de um gesto de caridade, serviu também como uma observação do que um acidente natural pode fazer em um patrimonio historico e cultural, assim como futuros historiadores,

São Luiz do Paraitinga, foto de 2005


1º- Os Fatos
 Foi entre Dezembro a Janeiro de 2009/10 que as chuvas torrenciais de verão causaram prejuízos em muitas cidades do estado de São Paulo, dentre elas, São Luiz do Paraitinga que sofreu destruições de formas irreparáveis ao seu patrimônio histórico e artístico. Vários casarões tombados dos séculos XVIII, XIX e começo do XX foram danificados completa ou parcialmente. A cidade teve 75% do centro histórico inundado pelo rio Paraitinga, o excesso de água desgastou as estruturas rústicas feitas de barro (pau a pique) dos antigos imóveis que vieram ao total colapso. Entre as clássicas construções da cidade, as igrejas: Matriz (fotos a esquerda e a direita antes de depois do incidente) e a Nossa Senhora das Mercês ficaram apenas escombros, não sobrando nada dos cartões postais da cidade.
Apesar de toda destruição, apenas foi registrado uma fatalidade (uma vitima de soterramento). Contudo, toda cidade permanece em estado de luto. A tristeza esta estampada no rosto de cada morador da cidade é visível. Os famosos blocos de carnaval, com suas típicas marchinhas e os gigantescos bonecões, tiveram suas apresentações canceladas em fevereiro, época que o turismo chegava a receber mais de 100.000 pessoas durante as festividades carnavalescas. Outros eventos como a Festa do Divino, Semana da Canção Brasileira (outro evento de reconhecimento nacional) e a Festa do Saci (o Halloween da cidade) serão realizados com intuito solidário.
Solidário foi a realizações de diversas comunidades e ONGs em todo o país em prol dos problemas de São Luiz, ações feitas como doações de mantimentos, roupas, produtos de limpeza, brinquedos, etc; para os desabrigados da cidade, os Governos do Estado e Federal incumbiram de restaurar os estragos nos monumentos, porém as previsões do termino das obras possam levar vários anos, mas o trabalho comunitário não terá fim, enquanto São Luiz do Paraitinga e seu povo ainda precisar da colaboração amiga.


2º A Oportunidade
Não é a primeira vez que vou para São Luiz do Paraitinga, mas desta vez vou por um causa mais nobre, os fatos ocorridos naquela cidade comoveram todo o país e profundamente em minha vida, pois além de simples turistas, eu e minha companheira conseguimos a amizade de muita gente daquele povoado e a tragédia nos deixaram preocupados pelas condições que essas pessoas ficaram. Nosso primeiro instinto foi de ir para lá e ajudar de qualquer forma possível.
Meu cunhado Alessandro, que é presidente do Fusca Clube de Bragança me ofereceu uma oportunidade de transportar daqui da região bragantina mantimentos para atender as necessidades dos desabrigados de SLP. Neste caso, minha companheira não pode ir, mas também ela ficaria muito chocada e comovida pelas circunstancias das cenas que presenciei que logo narrarei nesse texto. Contudo, essa comitiva contava não só com o Fusca Clube Bragantino, como integrariam os clubes de Joanópolis e de Jacareí.


3º A Viagem
Foi no domingo de 28 de Fevereiro, as 6:00 da manha que partimos de Bragança, com apenas quatro veículos. O trajeto foi da Rodovia Fernão Dias até Atibaia, entrando pela Rodovia D. Pedro I, por lá encontramos um fusca do representante do clube daquela cidade que também forneceu mantimentos, mas não participou da viagem (?). Prosseguindo a D. Pedro chegamos à Rodovia Pres. Dutra, já em Jacareí unimos com a comitiva do Fusca Clube de Jacareí que contava com mais integrantes e um veículo utilitário com mais mantimentos em sua carga.
Vista principal da cidade
Por duas horas e meia de uma divertida viagem atingimos a cidade de São José dos Campos, acesso para a Rodovia Oswaldo Cruz, caminho para o litoral Norte do estado e também para a cidade de São Luiz do Paraitinga.



  
4º A Chegada
Av. Ver. José P. de Souza, interditada
Depois de uma hora de viagem pela Oswaldo Cruz, chegamos a pequena cidade de SLP. Já na primeira entrada o acesso estava interditada por obras, tivemos que contornar de novo para a rodovia até entrar na segunda entrada da cidade (avenida Ver. José Pinto de Souza). Logo na ponte que corta o rio Paraitinga a imagem de destruição estava em toda parte, barrancos desmoronados, árvores derrubadas, casas e muros demolidos (fotos abaixo). As expressões de angustia e tristeza dos moradores eram visíveis.
Igreja do Rosário
Depois, de percorrer a avenida, chegamos as proximidades da igreja do Rosário (a única que salvou da enchente, porém também esta interditada). Lá fomos entregar os mantimentos para a residência do vigário da cidade, apesar da ausência da autoridade religiosa, fomos recepcionados pela empregada que recebeu toda a mercadoria no pátio da casa. Sacolas, sacos e caixas com materiais de higiene e limpeza brinquedos, roupas, e alimentícios foram entregues com toda consideração e humildade



5º A Cidade
Após deste ato de solidariedade, tiramos fotos de todos os colaboradores e conversamos com alguns moradores do local sobre como está a situação de restauração do município, as providências tomadas pelas autoridades governamentais, e principalmente o cotidiano das pessoas. De fato, a situação de restauração e as obras exigiam mais tempo por causa das fundações serem muito antigas, uma equipe de restauradores, engenheiros, arquitetos e historiadores tanto contratados ou voluntários participavam na recuperação da cidade, o governo público estava providenciando novas moradias aos desabrigados em região mais afastada do centro da cidade, já a situação dos São Luisenses é mais delicada, a cidade esta de certa forma, abandonada, boa parte dos moradores estão desolados, os moradores dos locais mais afetados pela enchente estão alojados em prédios públicos, outros estão em casas de parentes ou amigos e “muitos” mudaram para outras cidades, como Taubaté e São José dos Campos. É um fato triste para uma cidade que esbanjava beleza e alegria.
Já no Mercado municipal, localizado as margens do rio Paraitinga (principal pivô da inundação) as cenas do acumulo das águas estava presente nas paredes de seis metros de altura do estabelecimento, por alguns centímetros as águas não chegaram ao telhado, em seu interior as barracas e os boxes comerciais tinham perdidos todos os produtos artesanais e industrializados. Ao redor do rio Paraitinga, mais destruição nas encostas, as árvores foram arrancadas pela força das águas. É cenas realmente muito impressionantes.
Por fim, depois de entregar os suprimentos e circular por todo o centro da cidade, fomos embora com sentimentos de tristeza e amargura no intimo de cada um, apesar da impotência diante de tamanha devastação da natureza, por outro lado, fizemos uma pequena ação significante, provando que podemos ser solidários não importando o momento, mas por um bem comunitário entre todos nós.
Matéria produzida por Dave Mambera em 29/05/2010
Fotos: Bragança Fusca Clube
Agradecimentos ao Alessandro Pazeto, Giba e ao Richard (Grilo)