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domingo, 24 de junho de 2012

Os bastidores da II Guerra: A guerra civil espanhola


Guerrilheiros civis prontos para a batalha.
A Guerra Civil Espanhola foi o acontecimento mais dramático que ocorrido antes da Segunda Guerra Mundial, mais exatamente no ano de 1936 até 1939. Nela estavam contidos todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX. Nesse conflito de um lado estavam posicionadas as forças nacionalistas e fascistas aliadas a instituições tradicionais da Espanha, dentre elas o Exército, a Igreja e os Latifundiários (grandes proprietários de terra). Do outro lado da moeda estava contido a Frente Popular que era a base do Governo Republicano Espanhol, representados pelos sindicatos, partidos de esquerda e os partidários da democracia.
Crianças vitimas do conflito
Para o primeiro grupo mencionado o conflito se serviria para livrar o país da influencia comunista restabelecendo assim os valores da Espanha tradicional, ou seja o autoritarismo e o catolicismo. Para isso acontecer era preciso acabar com a República que havia sido proclamada em 1931 com a queda da monarquia. Já para o segundo grupo citado acima era preciso dar um basta em todo esse avanço das forças fascistas que já havia conquistado toda a Itália (em 1922), toda Alemanha (em 1933) e toda a Áustria (em 1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista de 1935, elas deveriam se aproximar de partidos democráticos de classe média para que sejam formados uma Frente Popular que teria como função enfrentar todo esse sucesso nazi-fascista. Assim, socialistas, comunistas, anarquistas e democratas liberais deveriam se unir para tentar barrar o avanço nazi-fascista.
Com a grave crise econômica da década de 30, a ditadura do General Primo de Rivera foi derrubada e em seguida caiu também a Monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamaram a Republica em 1931, que é conhecida como Republica de Tabajadores. A partir disso a esperança era que a Espanha seguisse o caminho das outras nações ocidentais fazendo uma reforma que separasse o Estado da Igreja, que aceitassem o pluripartidarismo, além da liberdade de expressão e organização sindical. Mas nada disso aconteceu, o País conheceu assim um violento enfrentamento de classes seguida por uma grande depressão econômica, gerando uma grande frustração generalizada na sociedade espanhola. 
A morte de um soldado espanhol, a foto foi tirada
no momento em que ele foi baleado.
O clima de turbulência foi motivado pela intensificação da luta de classes, principalmente entre anarquistas e direitistas que provocou inúmeros assassinatos políticos o que contribuiu para criar uma situação de instabilidade que afetou o prestígio da frente popular. Com isso direita estava entusiasmada com o sucesso de Hitler que se somou ao golpe direitista de Dolfuss na Áustria em 1934. Apesar de terem perdidos as eleições os direitistas começaram a conspirar contra o governo recebendo o apoio de militares e dos regimes fascistas (de Portugal, Alemanha, e Italia). Acreditavam que esse apoio dos militares derrubariam facilmente a Republica. No dia 18 de julho de 1936 o General Francisco Franco insurge o exercito contra o governo Republicano. Ocorre é que nas principais cidades como Madri e Barcelona o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe. Com isso milicias anarquistas e socialistas foram até então formadas para resistir ao golpe militar.
Hitler e Franco, uma aliança sinistra.
O país então em pouco tempo ficou completamente dividido em áreas nacionalistas, dominados pelas forças do General Franco e em áreas republicanas, controladas pelos esquerdistas. Nas áreas republicanas houve uma revolução social, terras foram coletivizadas, as fábricas foram dominadas pelos sindicatos, assim como o meio de comunicação. Porém a superioridade militar do General Franco imposta sob as direitas foi o fator decisivo na vitoria dele sob a República. Em 1938 suas forças cortaram a Espanha em duas partes, isolando assim a Catalunha do resto do pais. 
As baixas da Guerra Civil Espanhola oscilam entre 330 e 405 mil mortos, meio milhão de prédios foram destruídos, metade do gado Espanhol foi morto, além disso a renda per capita reduziu em 30% e fez com que a Espanha afundasse numa estagnação econômica que se prolongou por quase 30 anos.
Por Pedro Augusto Rezende Rodrigues

O bombardeio em Guernica:

A cidade espanhola de Guernica.
Vítima  da Guerra Civil espanhola.
26 de abril de 1937 foi uma segunda-feira. A cidade de Guernica, no norte da Espanha, estava cheia de vida: até então ela permanecera praticamente intocada pela Guerra Civil Espanhola, que grassava desde o ano anterior. Entretidos em seus afazeres, os 5 mil habitantes entravam e saíam de suas casas, feitas de estruturas e galerias em madeira e cobertas de telhas.
No fim da tarde, começaram os bombardeios aéreos isolados. Por volta das 6h30, veio o ataque principal dos aviões alemães, em ondas sucessivas. Segundo um diário de guerra da época, a esta altura a fumaça já era tanta que não se distinguiam mais os alvos – casas, pontes ou arrabaldes – e os pilotos dos 50 bombardeiros da Legião Condor atiravam sua carga mortal indistintamente.
Calcula-se que, ao todo, 22 toneladas de explosivos foram lançados sobre aquela cidade do País Basco, entre pequenas bombas incendiárias e bombas de 250 quilos. A rede de canalização d'água foi rapidamente destruída, e assim o fogo teve todo o tempo para alastrar-se e consumir Guernica. O diário de guerra conclui: "O tipo de construção das casas fez com que a destruição fosse total. Ainda se veem os buracos das bombas na rua. Simplesmente fantástico."

Estratégia de Göring
Avião bombardeiro da Luftwaffe.
Trezentas pessoas morreram imediatamente, milhares ficaram feridas, até porque os aviões deram caça aos fugitivos. Três quartos dos prédios foram arrasados em menos de três horas. Com o fracasso da tomada da capital Madri, a cidadezinha entrara na mira dos fascistas liderados por Francisco Franco.
O futuro ditador contava com o apoio da Alemanha e da Itália. A política do nazista Hermann Göring era utilizar a Guerra Civil Espanhola como campo de testes para os pilotos e as máquinas de sua nova Luftwaffe (Força Aérea).
Logo os agressores divulgaram as mais estapafúrdias versões do bombardeio infernal em Guernica. Entre outras, que só pretendiam explodir uma ponte, para cortar o caminho das tropas inimigas. Mais tarde, Franco fez até mesmo espalhar o boato de que a própria cidade basca haveria se bombardeado.
Guernica transformou-se em símbolo. O ataque da Legião Condor foi o primeiro bombardeio aéreo maciço contra a população indefesa de toda uma cidade na história européia. A partir daí, o terror contra civis tornou-se um princípio, passando a integrar a moderna maquinaria de guerra.


Potencial destrutivo do século 20
O pintor espanhol Pablo Picasso captou esse horror em seu quadro antibélico Guernica, realizado logo após o massacre. Conta-se que um oficial da SS lhe perguntou, apontando para a pintura "Foi o senhor que fez isso?". Picasso respondeu: "Não, o senhor". 
Detalhe de 'Guernica', de Pablo Picasso
O crítico de arte Robert Rosenblum analisa a obra: "Ela equivale a uma imagem do fim do mundo, sobretudo do mundo moderno, como o conhecemos. Um clarão ofuscante de chamas, em seguida a sensação do caos definitivo. Mulheres e crianças gritando, um touro, um cavalo, uma visão de choque e trauma que representa todo o nosso pavor à beira do abismo. Assim é o quadro Guernica: da forma mais impressionante e poderosa, ele anuncia a mensagem da guerra, do potencial destrutivo do século 20".
Sessenta anos mais tarde, o então presidente da Alemanha, Roman Herzog, pediu perdão aos habitantes da cidade: "Quero assumir a responsabilidade pelo passado e reconhecer expressamente o envolvimento culposo dos pilotos alemães. Eu pranteio com vocês os mortos e feridos. Aos que ainda carregam consigo as feridas do passado, estendo minha mão num pedido de reconciliação".
Dois anos mais tarde, o governo democrata-cristão de Helmut Kohl doaria 3 milhões de marcos à cidade que os soldados alemães tinham reduzido a cinzas. O dinheiro foi empregado na construção de um novo centro de esportes.


Fontes:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_civil_espanha.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Espanhola
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u34.jhtm