Malleus Maleficarum em uma edição de 1669, Lyon. |
Já que vocês leram sobre a matéria "Instrumentos de Torturas", conheça agora um dos piores instrumentos responsável pela perseguição de muitas pessoas na Idade Média. O "MALLEUS MALEFICARUM" foi um livro que concedia orientação aos inquisidores para descobrir se os suspeitos, principalmente mulheres, tivessem manejando a bruxaria ou compactuando com as forças demoníacas. Esse Manual escrito no século XV, foi responsável pelo alastramento do medo, da histéria e do preconceito social, bem antes do livro "Mein Kampf" (escrito por um certo bigodudo encrenqueiro, no século XX). Milhares de pessoas foram torturadas (muitas pelos mesmos instrumentos já apresentados) e terminaram mutiladas, traumatizadas ou assassinadas, apenas pelo fato de seus comportamento eram anormais ou comuns demais na visão de fanáticos cristão, que viam bruxaria em tudo.
O “Malleus Malificarum ou Martelo das Bruxas”, é provavelmente o tratado mais importante que foi publicado no contexto da perseguição da bruxaria. Trata-se de um exaustivo manual sobre a caça às bruxas, publicado primeiramente na Alemanha em 1487, e que logo recebeu dezenas de novas edições por toda a Europa, provocando um profundo impacto nos juízos contra as bruxas no continente por cerca de 200 anos. A obra é notória por seu uso no período de histeria da caça às bruxas, que alcançou sua máxima expressão entre o início do século XVI e meados do século XVII.
Convencidos pelos argumentos do Malleus malificarum - manual encomendado pelo Papa Inocêncio VIII aos monges dominicanos Heinrich Kraemer e Jacob Sprenger e publicado em 1487. Os autores fundamentavam as premissas do livro com base na bula "Summis Desiderantes" emitida pelo próprio Papa, o tal Martelo das Bruxas, que dizia "quando uma mulher pensa sozinha, ela pensa maldades", os torturadores respiravam aliviados com a confissão que finalmente poderia reconduzir àquela alma aos braços da cristandade, mesmo que fosse através da queima final de todos os seus pecados nas fogueiras sulfurosas - o enxofre impedia a morte por asfixia, o que abreviaria o sofrimento necessário para purificar seu espírito. Nunca terá lhes ocorrido que sobrenatural seria resistir a tudo isso se negando a concordar com qualquer coisa que lhe dissessem? Provavelmente não, caso contrário o inquisidor Nicholas Remy não declararia atônito a sua surpresa com o fato de "tantas bruxas terem desejo positivo de morte".
Kramer e Sprenger apresentaram o Malleus Maleficarum à Faculdade de Teologia da Universidade de Colônia, na Alemanha, em 9 de maio de 1487, esperando que fosse aprovado. Entretanto, o clero da Universidade o condenou, declarando-o tanto ilegal como antiético. Kramer, porém, inseriu uma falsa nota de apoio da Universidade em posteriores edições impressas do livro. A data de 1487 é geralmente aceita como a data de publicação, ainda que edições mais antigas da obra tenham sido produzidas em 1485 ou 1486. A Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da publicação, colocando-o na Lista de Obras Proibidas (Index Librorum Prohibitorum). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. Entre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus recebeu um total de 16 novas reimpressões.
Instaurada para identificar e punir os hereges cátaros e sua doutrina de oposição entre o bem do espírito e o mal do corpo, a Inquisição foi oficializada em 1233, no papado de Gregório IX. Do momento em que a Igreja declarou que as antigas religiões pagãs eram um ameaça hostil ao cristianismo, em 1320, até a última execução judicial, realizada em território polonês no final do século XVIII, milhares de pessoas, 80% mulheres, foram acusadas, investigadas e punidas com base em denúncias da vizinhança - "a acusação de feitiçaria foi usada em muitas épocas, em muitas sociedades como uma forma de perseguição a inimigos", reconhece o antropólogo Luiz Mott -, que podia lançar sobre qualquer pessoa de hábitos incomuns (moças muito bonitas e solteiras, anciãs que dividiam o lar apenas com animais, ou mães de filhos deficientes, por exemplo) a culpa pela doença do filho, a falta de leite da vaca, ou a ausência de desejo do marido.
As chances de escapar sem sofrer qualquer punição eram praticamente nulas, não estavam livres nem os que se negavam terminantemente a acreditar na existência da bruxaria, pois, de acordo com o Martelo das Bruxas, essa era a maior heresia. Assim, degredo, prisão perpétua, peregrinação, suplício, trabalhos forçados, multa ou confisco dos bens - divididos entre a Igreja e o acusador -, eram as possibilidades de destinos da maioria dos réus, que ao fim do processo eram levados às ruas da aldeia para o seu auto-de-fé, onde a multidão alvoraçada saberia a punição a ser aplicada e, se fosse o caso, assistiria à morte dos condenados, fosse pela asfixia rápida da forca ou pelo sofrimento prolongado das chamas, tal qual um espetáculo.
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/religion-studies/642101-inquisi%C3%A7%C3%A3o-martelo-das-bruxas-malleus/#ixzz2FXpUWytU
http://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum