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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Martelo das Bruxas: Um livro de "paranoias delirantes"!

Malleus Maleficarum em uma
edição de 1669, Lyon.
Já que vocês leram sobre a matéria "Instrumentos de Torturas", conheça agora um dos piores instrumentos responsável pela perseguição de muitas pessoas na Idade Média. O "MALLEUS MALEFICARUM" foi um livro que concedia orientação aos inquisidores para descobrir se os suspeitos, principalmente mulheres, tivessem manejando a bruxaria ou compactuando com as forças demoníacas. Esse Manual escrito no século XV, foi responsável pelo alastramento do medo, da histéria e do preconceito social, bem antes do livro "Mein Kampf" (escrito por um certo bigodudo encrenqueiro, no século XX). Milhares de pessoas foram torturadas (muitas pelos mesmos instrumentos já apresentados) e terminaram mutiladas, traumatizadas ou assassinadas, apenas pelo  fato de seus comportamento eram anormais ou comuns demais na visão de fanáticos cristão, que viam bruxaria em tudo.

O “Malleus Malificarum ou Martelo das Bruxas”, é provavelmente o tratado mais importante que foi publicado no contexto da perseguição da bruxaria. Trata-se de um exaustivo manual sobre a caça às bruxas, publicado primeiramente na Alemanha em 1487, e que logo recebeu dezenas de novas edições por toda a Europa, provocando um profundo impacto nos juízos contra as bruxas no continente por cerca de 200 anos. A obra é notória por seu uso no período de histeria da caça às bruxas, que alcançou sua máxima expressão entre o início do século XVI e meados do século XVII.

Arrastadas de suas casas sem saber ao certo do que estavam sendo acusadas, as bruxas eram despidas e submetidas a um criterioso exame em busca das marcas de Satanás. Sardas, verrugas, um mamilo grande, olhos dissemelhantes ou azuis pálidos eram considerados sinais seguros de que a mulher, principal vítima da perseguição, travara contato com as forças do mal. Informada sobre as suspeitas que pesavam sobre ela, a mulher que resistisse às lágrimas ou murmurasse olhando para baixo, seguramente era uma seguidora dos espíritos malignos. Escaldadas em água com cal, suspensas pelos polegares com pesos nos tornozelos, sentadas com os pés sobre brasas ou resistindo ao peso das pedras colocadas sobre suas pernas, as rés não tardavam a gritar aos seus inquisidores que ´sim, era verdade`, elas sacrificavam animais e criancinhas, evocavam demônios nas noites de lua cheia, e usavam ervas e feitiços para matar e trazer infelicidade aos inimigos.

Convencidos pelos argumentos do Malleus malificarum - manual encomendado pelo Papa Inocêncio VIII aos monges dominicanos Heinrich Kraemer e Jacob Sprenger e publicado em 1487. Os autores fundamentavam as premissas do livro com base na bula "Summis Desiderantes" emitida pelo próprio Papa, o tal Martelo das Bruxas, que dizia "quando uma mulher pensa sozinha, ela pensa maldades", os torturadores respiravam aliviados com a confissão que finalmente poderia reconduzir àquela alma aos braços da cristandade, mesmo que fosse através da queima final de todos os seus pecados nas fogueiras sulfurosas - o enxofre impedia a morte por asfixia, o que abreviaria o sofrimento necessário para purificar seu espírito. Nunca terá lhes ocorrido que sobrenatural seria resistir a tudo isso se negando a concordar com qualquer coisa que lhe dissessem? Provavelmente não, caso contrário o inquisidor Nicholas Remy não declararia atônito a sua surpresa com o fato de "tantas bruxas terem desejo positivo de morte".


Kramer e Sprenger apresentaram o Malleus Maleficarum à Faculdade de Teologia da Universidade de Colônia, na Alemanha, em 9 de maio de 1487, esperando que fosse aprovado. Entretanto, o clero da Universidade o condenou, declarando-o tanto ilegal como antiético. Kramer, porém, inseriu uma falsa nota de apoio da Universidade em posteriores edições impressas do livro. A data de 1487 é geralmente aceita como a data de publicação, ainda que edições mais antigas da obra tenham sido produzidas em 1485 ou 1486. A Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da publicação, colocando-o na Lista de Obras Proibidas (Index Librorum Prohibitorum). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. Entre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus recebeu um total de 16 novas reimpressões.


Instaurada para identificar e punir os hereges cátaros e sua doutrina de oposição entre o bem do espírito e o mal do corpo, a Inquisição foi oficializada em 1233, no papado de Gregório IX. Do momento em que a Igreja declarou que as antigas religiões pagãs eram um ameaça hostil ao cristianismo, em 1320, até a última execução judicial, realizada em território polonês no final do século XVIII, milhares de pessoas, 80% mulheres, foram acusadas, investigadas e punidas com base em denúncias da vizinhança - "a acusação de feitiçaria foi usada em muitas épocas, em muitas sociedades como uma forma de perseguição a inimigos", reconhece o antropólogo Luiz Mott -, que podia lançar sobre qualquer pessoa de hábitos incomuns (moças muito bonitas e solteiras, anciãs que dividiam o lar apenas com animais, ou mães de filhos deficientes, por exemplo) a culpa pela doença do filho, a falta de leite da vaca, ou a ausência de desejo do marido.

As chances de escapar sem sofrer qualquer punição eram praticamente nulas, não estavam livres nem os que se negavam terminantemente a acreditar na existência da bruxaria, pois, de acordo com o Martelo das Bruxas, essa era a maior heresia. Assim, degredo, prisão perpétua, peregrinação, suplício, trabalhos forçados, multa ou confisco dos bens - divididos entre a Igreja e o acusador -, eram as possibilidades de destinos da maioria dos réus, que ao fim do processo eram levados às ruas da aldeia para o seu auto-de-fé, onde a multidão alvoraçada saberia a punição a ser aplicada e, se fosse o caso, assistiria à morte dos condenados, fosse pela asfixia rápida da forca ou pelo sofrimento prolongado das chamas, tal qual um espetáculo.

Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/religion-studies/642101-inquisi%C3%A7%C3%A3o-martelo-das-bruxas-malleus/#ixzz2FXpUWytU
http://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum