O segredo do sucesso do seriado “Os Simpsons” pode ser resumido em uma palavra: ousadia. É preciso compreender bem o cenário em que o universo da família amarela surgiu, nos EUA da década de 1980, para perceber o motivo de pouca, pouquíssima gente botar fé num seriado ácido, que satirizava de forma implacável a tradicionalista e conservadora família norte-americana. Em 1987, quando os Simpsons apareceram pela primeira vez, como um curto segmento de 30 segundos no programa de variedades Tracey Ullman Show, os EUA atravessavam um período altamente conservador, que culminaria com três mandatos consecutivos de republicanos na Casa Branca (duas vezes com Ronald Reagan e uma com George Bush, o pai).
Naquele ano, o produtor da Fox, James Brooks, tinha lido algumas tirinhas do cartunista Matt Groening, “Life In Hell” (Vida no Inferno), e gostado do senso de humor crítico e mordaz. Numa conversa com Groening, este lhe apresentou os primeiros esboços dos Simpsons. Brooks curtiu a idéia, mas teve medo de apostar numa série. Preferiu encaixar o desenho como um segmento do programa de variedades mais importante da Fox. A estratégia deu certo e os Simpsons tornaram-se sucesso de público e crítica. Em 1989, ganharam um especial de Natal amplamente aplaudido, o que garantiu o início da série regular. De lá para a cá, o sucesso cresceu. Não adiantaram as críticas de Bush – o pai do atual presidente dos EUA, em campanha para a reeleição, detonou o desenho, apontando-o como “corruptor dos valores que movem a família americana”. Acontece que a família americana acha bacana ser detonada em horário nobre. A propósito, Bush perdeu a eleição para Bill Clinton…
Acreditem, eles eram assim... Em 87... |
Os episódios iniciais do desenho foram traçando o perfil dos membros da família. Eram pai, mãe e três filhos, sujeitos de classe média baixa, que moravam numa cidadezinha chamada Springfield (curiosidade: existem dezenas de povoados com esse nome nos EUA). Uma turma viciada em TV, hambúrger e boliche, retrato fiel da família americana. Em resumo, uma crítica ácida, mas muito sutil, o que fez com que o desenho fosse adotado por gente de todas as idades. A série também chamava a atenção por apostar numa animação mais tosca. Assim, Homer Simpson é o patriarca, um funcionário de usina nuclear (eventualmente desempregado) que adora beber cerveja e jogar boliche. Marge, a esposa, anda acomodada no papel de dona-de-casa. Bart, 10 anos, é uma criança travessa e esperta, autor das tiradas mais impagáveis do desenho. Lisa, 8 anos, não pára de pensar na faculdade. Enquanto isso, lê um bocado, toca saxofone e é vegetariana. Por fim, Maggie só tem um ano, sabe soletrar o próprio nome e ainda tenta aprender a andar sem cair. Sujeitos normais, não?
Se o público aprendeu a amá-los, a série conseguiu mais do que isso. A série tem mais de 400 episódios e 20 temporadas, o que a faz a mais antiga em exibição nos EUA. Recebeu inúmeros prêmios desde que iniciou as transmissões tais como: 23 Emmy Awards, 22 Annie Awards e um Peabody. Em 2000, o programa ganhou uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Em 1998, a revista Time elegeu-a como a melhor série televisiva do século. Também ajudou a surgir outras séries que vieram satirizar a sociedade americana: “Beavis & Butthead” e “South Park”. além de citações em inúmeras obras de escritores, músicos e diretores de cinema e televisão. Em 2001, o grunhido “D´oh”, do personagem Homer Simpson, foi adicionado ao Oxford English Dictionary. Hoje, a audiência média do desenho é de 10 milhões de espectadores. Pode esperar, os Simpsons ainda vão dar muito o que falar.
A natureza rebelde de Bart, que muitas vezes não é punido pelo seu mau comportamento, levou alguns pais conservadores apresentá-lo como um modelo ruim para as crianças. Nas escolas, os professores afirmaram que Bart era uma "ameaça para a aprendizagem" por causa de sua atitude de "orgulho de suas más notas" e sua atitude negativa em relação a sua educação. Outros descreveram ele como "egoísta, agressivo e miserável". Em uma entrevista de 1991, Bill Cosby classificou Bart como um mau exemplo para as crianças e descreveu-o como "irritado, confuso e frustrado". Em resposta, Matt Groening, disse que "resume muito bem o Bart. A maioria das pessoas se esforçam para ser normal, mas ele acha que ser normal é chato e faz coisas que os outros não poderiam fazer" (Ou seja, eles ainda não conheciam o Cartman do South Park). Em 27 de janeiro de 1992, o então presidente dos Estados Unidos George Bush disse "Vamos continuar trabalhando para fortalecer a família americana, para fazer as famílias americanas serem mais parecidas com a dos Waltons e menos como a dos Simpsons". Os escritores rapidamente responderam irônicamente na forma de um pequeno segmento que foi transmitido três dias mais tarde antes de Stark Raving Dad em que Bart respondeu: "Hey, nós somos como os Waltons. Nós também oramos pelo fim da Grande Depressão".
Na calçada da fama em Hollywood. É pouco? |
Vários episódios da série têm gerado controvérsia. A família Simpson visitou a Austrália na sexta temporada no episódio Bart contra a Austrália (1995) e do Brasil no episódio da décima terceira temporada Blame It on Lisa (2002) e que provocou polêmica e reações negativas nos países visitados. Neste último caso, mostrou a cidade do Rio de Janeiro como uma cidade com ruas cheias de assassinos, sequestros, favelas macacos infectados e ratos. O conselho de turismo da cidade ameaçou a Fox com uma ação legal. Matt Groening ficou furioso e emitiu uma forte crítica para o episódio da sexta temporada A Star is Burns (1995). Ele pensou que era apenas publicidade para a série e que as pessoas associam com ele de forma incorreta. Quando seus esforços para impedir que o episódio não fosse realizado, ele pediu que seu nome fosse apagado dos créditos e tornadas públicas as suas preocupações de criticar abertamente James L. Brooks e afirmando que o episódio "viola o universo de The Simpsons".
Em resposta, Brooks disse: "Estou furioso com Matt, sua opinião é permitida, mas criticar publicamente na imprensa... Ele já está indo longe demais. O comportamento atual dele é terrível". O episódio da nona temporada The Principal and the Pauper (1997) é um dos mais controversos da série. Muitos fãs e críticos reagiram negativamente à revelação que o diretor Seymour Skinner, um personagem recorrente desde a primeira temporada era um impostor. O episódio tem sido criticado por Matt Groening e Harry Shearer, que dá voz ao personagem. Em uma entrevista de 2001, Shearer disse que, após ler o roteiro dos escritores disse "Isso é muito ruim. Eles estão tomando algo que tem construído uma audiência para oito ou nove anos de investimento e jogado fora sem uma boa razão, uma história que fizemos anteriormente para outros personagens. É muito arbitrária, gratuita e desrespeitosa ao público".
Biografia animada:
Matt Groening, o criador das criaturas! |
- 1955 No dia 10 de maio nasce Homer J. Simpson, filho de Abraham Simpson e Mona Olsen.
- 1956 Um ano mais tarde nasce Marjorie Bouvier, filha de Clancy Bouvier e Jackie Bouvier.
- 1974 Homer e Marge vão para a faculdade
- 1980 Homer e Marge casam-se; Homer consegue o emprego na usina/central nuclear e nasce Bartholomeu Jo-Jo Simpson.
- 1983 Os Simpsons mudam-se para o Evergreen Terrace; nasce Elizabeth Marie Simpson.
- 1989 Nasce Margaret Simpson; Homer e Marge fazem dez anos de casamento; Bola de Neve II se torna o gato da família após a morte de Bola de Neve I; O Santas Little Helper torna-se o cão da família.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Simpsons